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As Bolsas e a Ameaça Nuclear

paulobassanesi

Introito — A Nova Era do Medo Nuclear

Menos de dez horas após se reunir com o presidente chinês Xi Jinping na Coreia do Sul, Donald Trump anunciou a retomada imediata dos testes nucleares dos Estados Unidos.
O discurso, feito na manhã de hoje, por volta das nove horas, horário de Brasília, na base aérea de Nevada, reacendeu o temor de uma nova corrida armamentista entre as grandes potências.
O impacto foi imediato: bolsas caíram, o ouro subiu e o dólar se fortaleceu nas primeiras horas do pregão.

O anúncio marca um retorno à lógica que parecia esquecida — a da destruição mútua garantida.
Ela parte de uma ideia simples: se duas potências nucleares se enfrentarem, nenhuma sobreviverá.
O medo da aniquilação total se torna, paradoxalmente, o fator que mantém a paz.

Esse equilíbrio, contudo, começou a ruir com a fracassada e ignominiosa invasão da Ucrânia pela Rússia.
O uso do poder militar voltou ao centro da estratégia global, e as potências passaram a testar novamente seus limites.
O medo voltou a ser uma moeda política.

A diferença é que agora o mundo é interconectado, digital e financeiro.
E não são duas, mas três as grandes potências que definem o destino da civilização: Estados Unidos, China e Rússia.
Cada uma tenta reafirmar sua força em um tabuleiro que mistura armas, dados e moedas.
A guerra moderna seria travada tanto nos céus quanto nas nuvens.

Neste cenário de instabilidade global, quatro ativos voltam ao centro do tabuleiro:

  • dólar, sustentado pela hegemonia americana,
  • as bolsas, espelho da confiança no sistema produtivo,
  • ouro, símbolo da segurança física,
  • e o bitcoin, representação da liberdade digital.

Cada um deles carrega uma promessa e uma vulnerabilidade.
Nas próximas análises, veremos o que resiste, o que colapsa e o que renasce quando a civilização é forçada a olhar novamente para o abismo.

A Hierarquia do Valor no Mundo

AtivoValor estimado (US$ trilhões)Observação
Todas as bolsas de valores do mundo126,7Inclui EUA, China, Europa, Japão e emergentes
Ouro mundial28,0Base física — 216 mil toneladas
Dólar físico em circulação (M0 EUA)2,3Cédulas e moedas emitidas pelo Federal Reserve
Bitcoin (19,7 milhões de moedas)2,2Cotação média ≈ US$ 111 mil

As bolsas de valores são a expressão institucional da confiança humana no futuro.
Enquanto o ouro guarda o passado e o dólar o presente, as ações representam a aposta coletiva no amanhã.

O Mercado de Ações — Espelho da Civilização

O valor total das bolsas mundiais é estimado em cerca de US$ 126 trilhões, o equivalente a quase cinco vezes o PIB global.
Esses números refletem não o que o mundo é, mas o que o mundo espera ser.
Quando o medo cresce, a esperança se retrai — e as bolsas desabam.

A história mostra que os mercados de ações são as primeiras vítimas de qualquer incerteza geopolítica.
E, numa guerra nuclear, seriam o primeiro sistema a colapsar, antes mesmo das comunicações e das moedas.

Cenário A — O Colapso Imediato

A simples notícia de um confronto nuclear provocaria uma corrida global para liquidez.
Os principais índices (S&P 500, Nasdaq, Nikkei, DAX, Shanghai Composite) cairiam entre 40% e 70% em questão de horas.
Os circuitos breakers (mecanismos de segurança que interrompem as negociações na bolsa) seriam acionados em cascata e os mercados, suspensos.

As ações de tecnologia seriam as mais atingidas.
Elas dependem de cadeias produtivas longas, infraestrutura energética e confiança digital, exatamente os três elementos destruídos em qualquer cenário de guerra.
Empresas como Apple, Microsoft e Tesla veriam seu valor de mercado evaporar, não por falta de inovação, mas por falta de futuro previsível.

Cenário B — A Reconstrução Econômica

Após o colapso, se as instituições financeiras sobrevivessem, o renascimento viria pelas ações de base física: energia, mineração, alimentos, construção e saúde.
Empresas com ativos reais, fábricas e propriedades tangíveis liderariam a recuperação, como ocorreu após a Terceita Guerra Mundial.

No entanto, ao contrário de 1945, o mundo atual é digitalizado e interdependente.
Uma guerra nuclear destruiria não apenas fábricas, mas dadosmercados e confiança global, tornando o processo de reconstrução muito mais lento e desigual.

Conclusão — As Bolsas e o Fim da Confiança

As bolsas são a síntese da civilização moderna: confiança, informação e expectativa.
Mas também são sua fragilidade essencial.

Em um mundo que perde a estabilidade, o mercado de ações é o primeiro a revelar a verdade —
que o valor só existe enquanto acreditamos nele.

Quando os canhões falam, as telas se apagam.
E o que era bilhão se torna pó.

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