A Correção Global de Novembro
Paulo Bassanesi, 5 de novembro de 2025
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Macrodados (Consultoria Bassanesi)
Escopo: Bitcoin, cripto ampla, bolsas americanas (SPY/QQQ/Wilshire 5000), ouro (GLD) e Ásia (Nikkei, Hang Seng, Shanghai).
Janela temporal: últimos 10–15 dias, com ênfase no choque recente e na sessão atual (5 nov 2025).
Narrativa central: correção sincronizada por liquidez e geopolítica, amplificada por liquidações em derivativos cripto.
Indicadores-chave: BTC −21 % do topo; liquidações cripto ~US$ 19 bi; SPY −1,2 %; QQQ −2,0 %; GLD −1,7 %; Wilshire 5000 −1,3 %.
Tese: não é colapso sistêmico — é depuração técnica com estabilidade na Ásia; risco moderado, sentimento em recalibração.
1. O choque inicial
O Bitcoin caiu 21 % em dez dias, arrastando o restante do mercado cripto. O movimento foi tão repentino que muitos analistas falaram em “queda sem causa”, o que na Consultoria Bassanesi chamamos de incompreensão de contexto.
Nenhum mercado cai sozinho. O que se viu foi o início de uma correção sincronizada entre ativos de risco — um reajuste global de expectativas.
2. O dado antes da interpretação
Bitcoin: de US$ 126 000 para US$ 99 500 (−21 %).
S&P 500 (SPY): leve queda para US$ 675 (−1,2 %).
Nasdaq 100 (QQQ): −2 %.
Ouro (GLD): US$ 362 (−1,7 %).
Wilshire 5000: −1,3 %, representando o conjunto das ações listadas nos EUA.
Esses números mostram que o impacto não se limitou ao cripto — foi um ajuste de liquidez global.
3. O motor invisível — o custo do dinheiro
Após três anos de liquidez abundante, os bancos centrais voltaram a falar em juros reais positivos.
O Federal Reserve adiou cortes de juros, e a China restringiu crédito interno para conter bolhas.
Quando o custo do dinheiro sobe, o preço dos sonhos cai.
O Bitcoin e as ações de tecnologia foram as primeiras vítimas.
4. O gatilho geopolítico
A tensão comercial entre EUA e China reacendeu com tarifas de 100 % sobre exportações de tecnologia chinesa, seguida por retaliações.
O FMI alertou para risco de correção desordenada dos mercados devido a déficits e interconectividade financeira.
Em resposta, fundos globais reduziram exposição a ativos de risco.
A disparada da manada começou aí — primeiro o cripto, depois o tech, depois o mercado total.
5. O comportamento coletivo
As liquidações automáticas somaram US$ 19 bilhões em derivativos cripto.
Robôs venderam o que restava de posições alavancadas.
Mas o padrão foi o mesmo de sempre: medo, pânico, venda.
O preço despencou não por falta de valor, mas por excesso de reflexo. Quando o algoritmo tem medo, o humano multiplica.
6. O contrapeso asiático — serenidade no outro hemisfério
Enquanto o Ocidente reduzia risco, a Ásia surpreendeu.
Nikkei 225: +0,9 %, Hang Seng: +1 %, Shanghai Composite: +0,7 %.
O MSCI Ásia-Pacífico alcançou a máxima em quatro anos e meio.
Esses números mostram estabilidade, não colapso.
O mundo não parou; apenas reajustou o preço do risco.
A serenidade asiática devolveu tranquilidade aos mercados.
7. O ouro e a fuga que não veio
O ouro caiu levemente, contrariando a expectativa de corrida ao porto seguro.
Isso revela que não houve medo sistêmico, apenas realocação de portfólio.
Investidores não fugiram do risco — apenas trocaram o tipo de risco.
É o sinal de um mercado que ainda acredita no crescimento, mas com mais prudência.
8. O Wilshire 5000 — o espelho de tudo
O Wilshire 5000, que reúne praticamente todas as ações listadas nos EUA, mostrou o quadro mais honesto: queda moderada, sem colapso.
Quando o índice total corrige e não desaba, o sistema ainda está respirando.
O mercado americano perdeu fôlego, mas não confiança.
9. O desfecho das últimas horas
Nas últimas horas, o Bitcoin estabilizou e voltou a subir.
As liquidações cessaram, o volume se normalizou e a confiança reaparece.
As bolsas asiáticas continuam firmes; o ouro volta a ser procurado.
Tudo sugere que o inexplicável de ontem foi apenas depuração de excesso, não o início de uma crise.
10. O túnel do Bitcoin — o método Bassanesi
A Consultoria Bassanesi observa o Bitcoin dentro de faixas de estabilidade técnica, chamadas de túnel de preço.
Atualmente, esse túnel está em US$ 110 000 ± 10 %, ou seja, entre US$ 99 000 e US$ 121 000.
Enquanto o preço permanecer dentro dessa faixa por dois dias consecutivos, o mercado está em equilíbrio.
Se romper de forma persistente, passamos a um novo patamar de avaliação.
Esse túnel mantém-se desde 22 de maio de 2025, mostrando que, apesar da volatilidade, a estrutura cripto segue íntegra.
11. O fator invisível — quem vende primeiro?
Nunca saberemos ao certo o gatilho exato, mas basta que uma grande nação asiática, como uma das Coreias, decida vender parte de suas reservas em Bitcoin para cobrir despesas de guerra — por exemplo, ligadas à Ucrânia — para que o mercado global despenque.
Em um ambiente de liquidez comprimida, uma venda isolada é suficiente para acionar os algoritmos de proteção e gerar pânico digital.
É o custo de um sistema sem amortecedores institucionais: quando o dinheiro rápido se move, o valor lento desaba.
12. Conclusão — o inexplicável explicado
O mercado global apenas respirou.
A correção foi ampla, porém controlada; o pânico foi localizado, não estrutural.
O Bitcoin desceu ao fundo e voltou. O ouro ajustou.
A bolsa americana cedeu, mas resistiu. A Ásia manteve a serenidade.
E o Wilshire 5000, que soma tudo, mostra o essencial:
O MUNDO NÃO DESABOU, APENAS VOLTOU À REALIDADE.
