O Banco Central confirmou: o DREX, versão digital do real, será lançado em 2026.
Chamado de CBDC (Central Bank Digital Currency), ele promete revolucionar o sistema financeiro.
Mas há uma pergunta que poucos fazem: revolucionar para quem?
O DREX será uma moeda oficial digital, criada e controlada pelo Banco Central.
Ao contrário das criptomoedas, ele não é descentralizado.
Cada unidade de DREX existirá dentro de uma infraestrutura pública e programável, operada por bancos e instituições financeiras autorizadas.
Na prática, o DREX substitui o papel-moeda e o saldo bancário por tokens digitais.
Esses tokens podem ser programados para seguir regras específicas — um mecanismo poderoso, que tanto pode aumentar a eficiência quanto reduzir a autonomia financeira do cidadão.
Do PIX ao DREX — A Nova Fase do Controle Financeiro
O PIX foi o primeiro passo para a digitalização total do dinheiro.
Com o DREX, esse processo se completa: o Estado passa a controlar diretamente o meio circulante.
Em tese, isso traz eficiência e rastreabilidade.
Mas, na prática, cria uma infraestrutura de controle absoluto, capaz de:
rastrear cada gasto;
limitar transações por categoria ou local;
restringir valores e prazos de uso;
bloquear ou “desativar” dinheiro com um simples comando.
O PIX libertou o dinheiro físico; o DREX pode aprisioná-lo novamente — em código.
O Fim do PIX?
O PIX não acaba — mas muda de papel.
Ele deixará de ser um meio de pagamento para se tornar uma interface entre contas DREX.
O usuário continuará “fazendo PIX”, mas o que circulará nos bastidores será dinheiro digital programável, não saldo bancário.
É o mesmo gesto, mas um mecanismo completamente diferente.
A Ilusão da Conveniência
O discurso será o de sempre: praticidade, segurança, modernidade.
Mas toda conveniência traz um preço.
Ao aceitar uma moeda que pode ser programada, rastreada e bloqueada, o cidadão renuncia à última forma de liberdade financeira individual.
A Moeda Programável: o Dinheiro com Condições
Por ser uma moeda programável, o DREX permitirá que cada unidade digital traga embutida uma condição de uso.
Em termos práticos, isso significa que será tecnicamente possível limitar onde, quando e em que tipo de estabelecimento o cidadão pode gastar.
Um exemplo hipotético, mas viável dentro da arquitetura do DREX:
permitir que determinado valor só possa ser gasto no Estado de São Paulo, bloqueando transações fora dele;
autorizar o uso apenas em supermercados e farmácias, impedindo compras em outros setores;
ou definir um prazo de validade para um crédito digital específico.
Essa é a essência da moeda programável: cada real digital pode carregar um código de restrição.
Se utilizada com responsabilidade, é uma ferramenta de política pública.
Mas, nas mãos erradas, pode se transformar em um instrumento de controle social e econômico sem precedentes.
Como se Proteger
A proteção patrimonial diante de uma moeda programável depende de pluralidade de refúgios:
- Ouro físico
É o ativo mais antigo e o único que não depende de sistemas digitais.
Resiste a crises, mudanças de governo e transformações tecnológicas.
Manter parte do patrimônio em ouro físico entesourado (fora do sistema bancário) é prudência, não radicalismo. - Criptomoedas
Embora voláteis, representam autonomia tecnológica — dinheiro fora do controle central.
Mas devem ser guardadas com segurança e em carteiras privadas, longe de plataformas centralizadas. - Dólar e moedas fortes
O dólar segue sendo a moeda global de reserva.
Ter parte do capital em moeda estrangeira — seja em conta internacional, seja em espécie — cria uma linha de defesa geográfica contra políticas locais. - Reais entesourados
Enquanto o papel-moeda existir, ele é uma forma de liquidez anônima. Guardar uma reserva física, de forma segura e discreta, garante autonomia imediata em momentos de instabilidade digital.
Mais do que Dinheiro: Liberdade
O DREX pode trazer eficiência, mas também cria o risco de submissão econômica. A proteção patrimonial deixa de ser apenas uma questão de rendimento — torna-se uma questão de soberania pessoal.
Quem deseja liberdade financeira precisa diversificar não apenas investimentos, mas as formas de existência do próprio dinheiro. E isso inclui ter ouro, cripto, dólar e papel — cada um em sua medida, cada um cumprindo um papel essencial.
Conclusão
A chegada do DREX marca o início de uma nova era — não apenas monetária, mas civilizacional.
Se o dinheiro passa a ter dono, quem o usa precisa redescobrir a arte de proteger o invisível:
a liberdade de decidir quando, onde e por que gastar.
“O verdadeiro patrimônio é o direito de escolher o que fazer com o próprio dinheiro.”
Consultoria Bassanesi
Análises independentes sobre economia, direito e empreendedorismo produtivo.
