Introito — A Nova Era do Medo Nuclear
Menos de dez horas após se reunir com o presidente chinês Xi Jinping na Coreia do Sul, Donald Trump anunciou a retomada imediata dos testes nucleares dos Estados Unidos.
O discurso, feito na manhã de hoje, por volta das nove horas, horário de Brasília, na base aérea de Nevada, reacendeu o temor de uma nova corrida armamentista entre as grandes potências.
O impacto foi imediato: bolsas caíram, o ouro subiu e o dólar se fortaleceu nas primeiras horas do pregão.
O anúncio marca um retorno à lógica que parecia esquecida, a da destruição mútua garantida, expressão usada para descrever o equilíbrio frágil da Guerra Fria.
Ela parte de uma ideia simples: se duas potências nucleares se enfrentarem, nenhuma sobreviverá.
O medo da aniquilação total se torna, paradoxalmente, o fator que mantém a paz.
Esse equilíbrio, contudo, começou a ruir com a fracassada e ignominiosa invasão da Ucrânia pela Rússia.
O uso do poder militar voltou ao centro da estratégia global, e as potências passaram a testar novamente seus limites.
O medo voltou a ser uma moeda política.
A diferença é que agora o mundo é interconectado, digital e financeiro.
E não são duas, mas três as grandes potências que definem o destino da civilização: Estados Unidos, China e Rússia.
Cada uma tenta reafirmar sua força em um tabuleiro que mistura armas, dados e moedas.
A guerra moderna seria travada tanto nos céus quanto nas nuvens.
Neste cenário de instabilidade global, quatro ativos voltam ao centro do tabuleiro:
o dólar, sustentado pela hegemonia americana,
as bolsas, espelho da confiança no sistema produtivo,
o ouro, símbolo da segurança física,
e o bitcoin, representação da liberdade digital.
Cada um deles carrega uma promessa e uma vulnerabilidade.
A Hierarquia do Valor no Mundo
| Ativo | Valor estimado (US$ trilhões) | Observação |
| Todas as bolsas de valores do mundo | 126,7 | Inclui EUA, China, Europa, Japão e emergentes |
| Ouro mundial | 28,0 | Base física — 216 mil toneladas |
| Dólar físico em circulação (M0 EUA) | 2,3 | Cédulas e moedas emitidas pelo Federal Reserve |
| Bitcoin (19,7 milhões de moedas) | 2,2 | Cotação média ≈ US$ 111 mil |
O Dólar — A Última Âncora da Ordem Mundial
O dólar é o ativo que sobrevive a todas as tempestades.
Mesmo em um mundo dividido, ele permanece como moeda de referência, unidade de conta global e instrumento de poder geopolítico.
Seu valor não está no papel, mas na confiança construída por mais de um século de supremacia econômica e militar americana.
O agregado M0 — cerca de US$ 2,3 trilhões em papel e moedas físicas — representa apenas uma pequena fração do poder monetário dos Estados Unidos, mas é o núcleo tangível de um sistema baseado em crédito, dívida e crença.
Quando tudo desaba, o dinheiro físico volta a ser rei.
Cenário A — O Refúgio Imediato
Em momentos de pânico global, a primeira reação dos investidores é correr para o dólar.
Isso já ocorreu em todas as crises recentes: pandemia, falências bancárias, guerra na Ucrânia.
O mesmo se repetiria diante de uma ameaça nuclear.
No curto prazo, o dólar se valorizaria fortemente frente a todas as moedas, incluindo o euro e o yuan.
A demanda por cédulas físicas explodiria, e bancos centrais estrangeiros aumentariam suas reservas em busca de liquidez.
O Federal Reserve seria novamente o epicentro do mundo financeiro — um farol em meio ao caos.
Mas esse refúgio tem limites.
Se o conflito atingisse solo americano ou destruísse a confiança na estabilidade institucional dos Estados Unidos, a própria base do dólar se corroeria.
Nenhuma moeda resiste à destruição de seu emissor.
Cenário B — A Erosão do Sistema Fiduciário
O dólar é uma moeda fiduciária — seu valor depende da confiança no governo e na economia dos EUA.
Em um cenário de guerra nuclear prolongada, essa confiança seria abalada de forma irreversível.
O sistema bancário global, que se apoia em liquidez americana, poderia sofrer colapsos em cascata.
As sanções financeiras, que hoje são o principal instrumento de poder dos EUA, deixariam de funcionar num ambiente em que a sobrevivência substitui o comércio.
O dinheiro perderia sua função de meio de troca e reserva de valor, e o sistema de pagamentos internacional se fragmentaria em blocos regionais ou em moedas lastreadas por bens físicos.
O Dólar como Arma e Escudo
Desde Bretton Woods, o dólar é tanto uma arma de dominação quanto um escudo de proteção.
Os Estados Unidos controlam as rotas financeiras do planeta por meio de seu sistema bancário e das redes de compensação (SWIFT, Fedwire).
Essa arquitetura lhes dá poder sem precedentes, mas também cria vulnerabilidade: um ataque cibernético ou EMP contra os sistemas centrais poderia desativar a moeda global.
O poder do dólar é o poder da civilização organizada.
Se esse sistema ruir, o mundo volta à troca direta — e o papel impresso perde o valor que hoje representa.
Conclusão — A Moeda do Fim e do Recomeço
O dólar é o último fio da ordem mundial.
Enquanto houver governo em Washington, haverá dólar.
Mas sua força é também sua fragilidade: ele depende da existência do próprio Estado americano.
Se a guerra for curta, o dólar salvará o mundo.
Se for longa, o mundo terá que inventar outro padrão de valor.
